Portugal, no auge dos paradoxos, bate palmas para um recorde de inscrições no ensino superior, enquanto os licenciados enfrentam um dilema: onde irão descansar a cabeça? Com 446.028 alunos matriculados no ano lectivo 2022/23, o país regista um aumento de 3%, um feito educacional inegável, mas que nos leva a reflectir sobre o futuro profissional.
Enquanto 74.597 estudantes estrangeiros dão um toque cosmopolita ao panorama académico, representando 17% do total de inscritos, Portugal faz um “brilharete” nos palcos globais da educação. No entanto, não podemos ignorar a cena quase surreal de licenciados a operar caixas de supermercado. Um dos motivos principais é a escassez de oportunidades profissionais nas áreas de estudo. A questão económica também entra em cena. Muitos licenciados enfrentam pressões financeiras significativas, seja para pagar empréstimos estudantis ou despesas básicas do quotidiano. Quanto às áreas de formação, a dedicação é visível: 22% dos alunos centram-se em ciências empresariais, administração e direito, enquanto 20% estão dedicados a engenharia, indústrias transformadoras e construção. Estes futuros líderes estão ávidos para deixar a sua marca na sociedade, mas será que há espaço para todos? Num tom mais optimista, as inscrições em mestrados e doutoramentos aumentaram, com 82.610 alunos a perseguirem mestrados e 25.202 a almejarem doutoramentos. Um sinal de que a chama do conhecimento continua a arder no coração dos portugueses. Mesmo os estudantes estrangeiros elegem Portugal como o seu destino educacional preferido, com o Brasil a liderar o caminho com 30%. Contudo, quando o último diploma é conquistado, surge a incerteza: onde encontrarão estes graduados um lugar que corresponda ao seu potencial? Portugal encontra-se numa encruzilhada educacional e laboral. A celebração do recorde de inscrições no ensino superior é temperada pela triste realidade de que muitos destes licenciados enfrentarão uma jornada incerta, com sonhos e esforços que parecem dissipar-se no ar. A falta de emprego e habitação paira como uma nuvem sombria sobre o horizonte, levando-nos a questionar: que país é este?
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