quinta-feira, 9 de novembro de 2023

O que faz protestar os portugueses?

 





A Saúde está um caos, com urgências de obstetrícia a encerrarem à vez, mulheres a terem de telefonar para saber a maternidade onde podem dar à luz, doentes sem atendimentos urgentes em algumas especialidades e que têm de procurar outros hospitais, Ministério que continua num braço-de-ferro com os médicos, etc, etc... Manifestações de protesto na rua por esta causa - até porque parece estar mesmo em causa a existência do Serviço Nacional de Saúde (SNS) - nem vê-las. E, então, os protestos que se viram no passado fim-de-semana? Só em Lisboa mais de 500 carros e muitas motas desfilaram, no domingo à tarde, em marcha lenta, da Avenida da Liberdade até ao Rossio, ao som ensurdecedor das buzinas. E o protesto repete-se em mais 10 capitais de distrito, como Porto, Braga, Aveiro, Bragança, Faro, Castelo Branco ou Viseu. Chega agora a outra pergunta que se impõe: E protestam pela (falta) de recursos na Saúde? - Não.

O que faz as pessoas saírem à rua (não a pé, mas de carro ou de mota) é o anunciado aumento do Imposto Único de Circulação (IUC) para veículos anteriores a Junho de 2007. Até já há o “STOP Inaceitável Usurpação ao Contribuinte” e o movimento que defende a eliminação da norma já foi recebido por grupos parlamentares e até o PS admite pretender fazer alterações. Alega-se que haverá IUC mais caro que o valor do carro, que todos os veículos vão pagar mais de 100 euros por ano e, ainda, que a norma travão ou o argumento ambiental são “histórias da carochinha”. Quanto à saúde dos automóveis, esta é vista anualmente nos Centros de Inspecção (obrigatório); quanto à das pessoas, façam favor de esperar... se houver vaga.

 

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