quinta-feira, 27 de março de 2014

As cegonhas e as avestruzes

Joaquim Azevedo, o homem a quem Pedro Passos Coelho confiou a missão de coordenar um grupo de trabalho sobre natalidade, afirmou, há dias, que “a maioria das empresas não é amiga da natalidade”. Estará o professor universitário a referir-se a algum tipo de “amizade colorida” ou, de facto, acha mesmo que os empresários são os culpados de não se fazer bebés em Portugal?


Ao intervir nas jornadas parlamentares do PSD, em Viseu, sobre demografia e natalidade, Azevedo admitiu que é necessário actuar sobre a economia e a educação, sobretudo, até aos três anos de idade, por forma a inverter a tendência descendente da natalidade. Reconheceu, ainda, que a manter-se a quebra de natalidade verificada nos últimos anos, o país não é sustentável. Ora, que conclusão de génio! Muitos parabéns! Conseguiu chover no molhado e, dali, já todos percebemos, não vai germinar coisa nenhuma.

“A descida está a ser abrupta, alerta super vermelho, primeiro temos de estabilizar”, disse Joaquim Azevedo, como se estivesse ao comando de uma nave espacial. Não. Não é disso que se trata. O problema, mais do que discutido e evidenciado, é que os portugueses não procriam... o suficiente.

A razão por que os portugueses não têm mais filhos é, sobejamente, conhecida. A maioria quer, mas não pode, porque não tem condições financeira para se aguentar até ao fim do mês, quanto mais para trazer uma criança ao mundo.

Portanto, um conselho aos nossos governantes. Parem de fazer de conta que a culpa é de todos menos vossa e comecem, realmente, a criar condições económicas e sociais para que os portugueses possam gerar crianças. A culpa não é das empresas nem dos muitos jovens que são forçados a emigrar. A culpa é vossa. 

Os governantes portugueses e as suas políticas de austeridade são o melhor contraceptivo que alguma vez foi inventado.


Portanto, se querem crianças a nascer, parem de fazer como a avestruz, tirem a cabeça da areia, incentivem a natalidade e deixem a cegonha tratar das muitas encomendas que têm sido adiadas por vossa causa.

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