“O que não deve acontecer é as
pessoas serem forçadas a emigrar porque não têm oportunidades de
emprego no seu país. É nosso entendimento que uma política
inteligente de imigração, atraindo, por exemplo, empresários, pode
ajudar a criar oportunidades em falta”, disse, ontem, Miguel
Poiares Maduro, ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional.
Para que não haja qualquer equívoco,
trata-se de um excerto da intervenção que o governante fez durante
o encerramento da Conferência sobre Migrações, organizada pela
Faculdade de Direito da Universidade Católica de Lisboa, o qual foi
reproduzido por vários meios de comunicação portugueses.
Mas há mais.
“O que é importante é criarmos as
condições para que quem saia, o faça por vontade, e não por
necessidade. Se for esse o caso, quem sair pode regressar com outras
qualificações e conhecimentos. Pode estabelecer redes
internacionais. Enriquece-se, para depois enriquecer o país”,
proclamou o ministro Maduro.
Desta vez, não vamos tecer
comentários. Seria demasiado fácil desmontar a argumentação do
governante. De referir, apenas, que até o cão escorraçado, sempre fiel ao dono, se cansa
de apanhar porrada. E um dia vai-se embora para não mais voltar.
Entre o
que Poiares Maduro afirmou e o que ficou por dizer – ou disse e não
queria dizer –, imaginamos que ainda há quem acredite no Pai
Natal, na Fada dos Dentinhos, no Coelho da Páscoa ou , até, na
figura excêntrica e fantasiosa do Chapeleiro Louco, personagem
criada pelo escritor Lewis Carrol para a obra “Alice no País das
Maravilhas”.
As palavras do ministro Adjunto e do
Desenvolvimento Regional são um verdadeiro bálsamo para a alma de
qualquer jovem.
Um discurso deste género põe logo a
mocidade com vontade de sair daqui para fora, ir trabalhar para outro
país e, depois, daqui a uns anos, regressar a Portugal com os bolsos
recheados de notas e disposição para fazer enriquecer uma nação
que, décadas antes, não lhe deu oportunidades de emprego.
Quando pensamos que já ouvimos tudo,
eis que o ministro Adjunto se sai com mais uma “pérola”. Para
que não pensem que estamos a ser embirrantes, vamos transcrever o
que foi publicado no jornal “i”:
“Poiares Maduro, considerou que um
dos problemas mais sérios que o país atravessa é o «inverno
demográfico» e que, por isso, defende a atracção de imigrantes
qualificados que, «por muito estranho que possa parecer», pode
favorecer o estancamento da emigração”.
Perceberam? Nós também não. Mas o
problema deve ser nosso, dos que vivemos, todos os dias, no país
real chamado Portugal.
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